sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Menção Honrosa

A Ana Rita Félix (9º ano, turma D) presenteou a BE com uma das manifestações mais elevadas do ser humano: um texto de escrita criativa. Leiam:

Hoje

Palmilho a mesma rua, mas a mesma rua não parece a mesma. Estendo a mão e apanho uma flor, caída, destroçada, ignorada pela chuva que lhe cai. Também assim são as pessoas em redor: tristes, cinzentas, amarguradas de tão grande solidão. E a mesma mão sacode a terra húmida da ponta dos dedos e abre a porta da biblioteca, arrepiada, inflamada, encorajando o aquecimento do coração. Com um estridente silêncio, a cadeira arrasta-se para me proporcionar conforto e acena-me para o exterior. O livro salienta-me a saudade, que rapidamente puxa uma nova cadeira, tomando lugar a meu lado.
Que é feito das gargalhadas, do sorriso, da vontade de viver? Observo os jovens que passam, reparo nos seus olhos, nos seus lábios que outrora esboçaram sorrisos e palavras ternas, e que agora cospem segredos lucidamente loucos, que lhes consomem o contentamento.
 Era tão mais fácil chegar ao céu quando eramos crianças, ajeitas as nuvens e acariciar o arco-íris, pensando que a Lua, mais tarde ou mais cedo, nos serviria para confecionar uma sandes. E seria tão deliciosa!
 Mas agora a juventude quebra sonhos e fantasias, arranja confusões e oferece melancolias, vira o dia do avesso. Amanhã é outro dia, amanhã é um novo começo. E todos andam tristes, não por fora, mas por dentro e assobiam risos sérios, discursos eloquentes.
Fecho os olhos, respiro o ar quente. Recomeço o livro aberto, esqueço a realidade, entro num mundo fantasticamente calmo, escuro e brilhante. Mais tarde regresso, tentada a permanecer nesse mundo para sempre.
 

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