domingo, 2 de fevereiro de 2014

Entrevista a Gil Peixoto



Exposição «Café quotidiano»


Como surgiu a ideia para esta exposição? Em que contexto?
GP – Bem, eu já costumava ir desenhar para o café-bar desde há algum tempo, pois achava o ambiente agradável para ser representado à minha maneira e vi naquele lugar algo de significativo para mim. Um certo dia fui convidado a expor e a partir daí o meu hábito de desenhar no local tornou-se cada vez mais forte. Soube logo no momento em que fui convidado a expor que o tema seria o Café Quotidiano.

A cada quadro da exposição corresponde um conceito?
GP – Não, eu acho que todos os quadros da exposição representam o tema como um todo, sendo cada fragmento determinante, a meu ver, para representar o quotidiano amarantino, nomeadamente este café.

As técnicas subordinaram-se ao tema ou o inverso?
GP – Nem um nem outro. Eu pretendi usar as técnicas mais variadas possíveis, não só para pôr à prova o que tinha aprendido ao longo dos anos, mas também para criar um sentido e uma interpretação diferente e especial em cada obra.

Que importância atribuis aos detalhes, aos pormenores, na obra?
GP – Para mim, o mais pequeno detalhe ou pormenor faz a diferença. Reparo cada vez mais que são coisas muito subtis que fazem o meu nível de satisfação subir em relação aos meus trabalhos.

Qual foi a obra exposta que gostaste mais de pintar? Por quê?
GP – Eu não dei nomes às obras mas se explicar qual é as pessoas percebem logo. Gostei principalmente de um desenho a tinta-da-china em que representei o empregado Bruno em movimento. A caneta de aparo permite uma expressividade que considero confortável, e fiquei satisfeito por ter conseguido, com espontaneidade, o gesto comum do empregado a levar o café ao cliente.

Sobre o Café Bar, tens alguma história (tua) para além das histórias representadas nas telas?
GP- Eu gosto simplesmente de pensar em mim em relação ao Café Bar como alguém que contribuiu de certa forma para mostrar as pessoas o ponto de vista de um artista em relação às coisas mais banais como o beber de um café ou o ler de um jornal.

O facto de nasceres no seio de uma família de artistas condicionou ou potenciou as tuas escolhas, nomeadamente a do curso?
GP – Sem dúvida que sim. Viver numa casa cheia de arte desde pequeno fez- me um bem enorme. Apesar de não aproveitar ao máximo as condições que tinha antes de seguir o curso de Artes Visuais, penso que evoluí bastante a partir do décimo ano e pretendo continuar a aprender muito com a arte e os artistas que me rodeiam.

Que reacção à tua exposição esperas despertar nas pessoas?
GP – Quero que desperte interesse e curiosidade para ver mais exposições, assim como uma espécie de reconhecimento pelo esforço. Mas principalmente quero que desperte a ligação a nível pessoal pois acho que o tema que escolhi é algo com o qual as pessoas se podem relacionar, o quotidiano.

A pintura constitui, para ti, uma necessidade, uma vocação ou uma exigência?

GP - Penso que a resposta é um pouco de tudo, a tal necessidade está a crescer em mim. Sinto-me cada vez mais ligado e relacionado não só com pintura mas com arte em geral. Sinto mais o meu interesse a manifestar-se por artistas, tanto atuais como de outras épocas, do que antes e penso que descobri em mim muita curiosidade por técnicas e matérias, algo que não era assim tão evidente.  

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